sábado, 14 de fevereiro de 2009

Desejo a Você

«Desejo, primeiro, que você ame, e que amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que esquecendo, não guarde mágoa. Desejo também que tenha amigos, ainda que maus e inconseqüentes. Que sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha adversários. Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata pra que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente pra manter você de pé. Desejo, ainda, que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que sendo velho, não se entregue ao desespero. Porque cada idade tem seu prazer e a sua dor, e é preciso deixar que aconteçam no tempo certo. Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia. E que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Desejo que você descubra, com a máxima urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos e infelizes, e que estão à sua volta. Desejo, ainda, que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal porque, assim, você se sentirá bem por pouca coisa. Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore. Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga “isso meu”, só para que fique bem claro quem é dono de quem. Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que, se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar. Desejo, por fim, que você, sendo homem, tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor pra recomeçar.» Victor Hugo

Emília Pinto

3 comentários:

  1. Lindo poema, Mila. Me encanta,especialmente:_"Desejo, por fim,que você, sendo........e QUANDO ESTIVEREM EXAUSTOS E SORRIDENTES, AINDA HAJA AMOR PARA RECOMEÇAR". Merveilleux!!!...
    Estou adorando "viajar" pelo blog de voces . Sucesso!
    Mil beijinhos.
    Lilás

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  2. Muitissimo obrigada, Lilás, pelo bonito comentário e também pela visita ao nosso cantinho.Pelo « Mila » deduzo que me comhece bem, pois só os amigos mais intímos me tratam assim.De qualquer modo, gostei do tratamento e espero vê-la por aqui mais vezes. Um beijinho e obrigada.

    Mila

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  3. Oi! Emilia
    O que se deseja , quando se ama?
    O que se deseja, quando há amizade?
    O afecto,a compreensão, torna tudo bem mais fácil,a tolerância, a passividade, o estar-se bem ,tudo se interliga entre o amor e a amizade.
    Por isso tudo de bom para si
    Até breve
    Herminia

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